sábado, 20 de junho de 2009

saudades

As vezes fico achando, mesmo sendo uma pessoa totalmente tecnológica, sinto falta de algumas coisas.
Sinto falta de coisas simples, de pos-it colados no espelho, hoje em dia substitutidos por scraps. por cartas substituidas por depoimentos de orkut, pelos acentos que eu nem uso mais nos posts, nem na vida fora do âmbito profissional...
Sinto falta de ligações, ligações que duravam horas com os amigos conversando ao telefone que hoje me dia são substituidos por post ou até mesmo pelo glorioso twitter.
Sinto falta do namoro de portão , de namorar aquele vizinho, ou o melhor amigo dele que a sua mãe é amiga de toda familia, não sinto necessariamente falta do namoro, mas das coisas que aconteciam, sinto falta das câmeras analógicas e daquela ansiedade de ver as fotos que não existe mais hoje me dia, realmente sinto falta ...
Sinto falta daquela vida simples que me parece totalmente inviável hoje em dia...
E olha que nem sou tão velha assim, mas sinto falta, mas além de tudo sinto falta de cartas e prometo publicamente que irei escrever mais cartas ...
Um dia desses um ex namorado meu falou que muito se arrenpendida de não ter guardado minhas cartas, por um ato de raiva momentanea... cartas são boas ... Já me deparei algumas vezes vendo coisas antigas, arrumando gavetas e ver coisas que pessoas me escreveram num momento que se tornam eternas.
Claro vc tem um orkut como todo mundo, dai um amigo seu ou uma amiga sua escreve um depoimento realmente legal, até que um dia algo acontece e vc apaga o orkut. sei lá um email... eu particularmente, mesmo sendo uma pessoa nostalgia não leio e-mail antigos, ai todo aquele encanto de arrumar uma gaveta, ou se mudar não acontece de vc se deparar com uma carta ou uma foto antiga e lembrar de momentos legais não é a mesma sensação, não é a mesma coisa ...
Eu nesse momento prometo escrever mais cartas, de deixar mais post-it no espelho pra algum dos meus futuros namorados, pra minha mãe e pros meus amigos
Lembro até hj que eu tinha um celular que um ex,tinha me mandado muitas msgs tentei cultiva-las por um tempo, hj não tenho mais nenhuma delas, não por ter saudades dele, mas por ter algum que me lembrem de algumas coisas ...

Acho que mesmo nova, e mesmo sendo apaixonada por tecnologia tenho uma alma velha , uma alma que está acostumada a ter coisas concretas ...pra lembrar de vez em quando e é por isso que eu falo, voltarei a escrever cartas ...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Design pra variar né



Sim designer brasileiro tem espaço lá fora! e esse cara, tenho que admitir irei copia-lo na cara de pau, sinal que é algo bom !
Com esse frio e com meu consumo exacerbado de vinho ultimamente, continuarei guardando as rolhas. O mais legal é ir montando aos poucos, e depois como o designer sugere pode virar um porta panela, entre outras coisas.
Super colocaria também bilhetes, contas e recadinhos entre as rolhas pra deixar pela mesa do escritório !
é isso
vale a pena ver as outras criações do "Ciclus design"
http://www.ciclus.com/

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Design



Filme sobre design que estará no mam e em sampa!!!

objetos+ designer !!
O filme vai ser exibido no Brasil entre 18 e 20 de Junho, no Rio de Janeiro (Cinemateca do MAM - dias 18 e 20/06) e em São Paulo (Instituto Tomie Otake - dia 19/06) com direito a perguntas e respostas com o diretor! Eu certamente vou aproveitar a chance de rever o filme, ainda mais com a possibilidade de conhecer Gary Hustwit!

http://www.objetosdedesejo.com/

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Haver- Vinicius de Moraes



Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

15/04/1962


A poesia acima foi extraída do livro "Jardim Noturno - Poemas Inéditos", Companhia das Letras - São Paulo, 1993, pág. 17.